quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Partícula

Quando a chuva parar de confundir minhas lágrimas
o que fazer com minha alma marcada ?
Quando minha alma recuperar o tom,
o que faço com a cicatriz deflagrada ?
Quando em sonho, teu corpo tocar em meu corpo
o que faço com minha alma acordada?
Quando a música tocar, aquele som me arranhar
o que faço então, com a noite arrasada?
Eu não queria ser só,
só queria ser parte, partícula de ti...
Gotículas tuas ainda nadam em mim
e não penso em te expelir agora...
Correto, concreto, decreto, não acato o coração;
Que grita, palpita, incita, por que quer você aqui.

                                                      Rudi Caldeira

Gatos no Telhado


               

  As noites seguem sendo noite,
 a vida pulsa no interior desta cidade    
 estou me prendendo a céu aberto, como gatos no telhado
  Não sei se por medo da solidão ou insegurança de andar    sozinho...
 Tenho convulsões dentro de mim.
 A alma grita: VIVE !!!!
 O tédio tem sido meu companheiro, e eu já deitei sobre o  comodismo
 Conhecemos somente esta vida...
 E, então, o que faço com esse gato preso no telhado, dentro de mim ?
 Me de mais uma bebida, bem forte por favor, pra decidir se me iludo mais um pouco
 ou se chuto o gato pra além das estrelas, perto do que se chama esperança
 onde se possa ouvir o sussurro da liberdade, sem sofrimento, sem mágoas, sem dor...



                                                                                      Rudi Caldeira     15/03/2006

Rumo ao Sol


                      
     
               

...E depois ainda pensava na existência,
mas podaram nossa liberdade
e castraram nossos sonhos.
Tola rebeldia (livre passagem a desordem)
que nos submete à longínqua cena de carências
adquirida em um túnel de mentiras.
Começamos a andar em círculos,
e então, nossos inúteis braços criaram asas,
e voamos, como pássaros,
em direção ao sol, até morrermos queimados.


                                                  Rudi Caldeira