segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Contramão

Extraí traição dos teus braços
Abraços com polens de outras flores
Entre coitos falsos na escuridão
Embates nulos em emoção.

Ereto o sentimento certo: indiferença
Outra crença
Momentos fatais da perseverança
Música Sem dança

Uma esperança salta aos olhos 
de quem procura magia
Pura Melancolia.

Um cérebro virgem a cada penetração
Máscaras em processo de dilatação
E essa vida toda na contramão.

Rudi Caldeira

Feliz Submundo


          


        
         Dormi com os ratos esta noite
         nem mesmo na sarjeta falam bem de você
         o teu sorriso estampado na minha mente
         até aqui vale menos que um resto que alimente

         Mas os monstros da noite, a vagar
         todos riram de mim e de Você
         Eu por ser uma gota
         e você, um inferno a apagar

         Ainda assim fui tido como ente
         contemplado até com aguardente
         me senti a alma deste mundo vagabundo
         e sem ti fui feliz até no submundo

         [ Não é que queira te desmerecer
         se pudesse nem escreveria sobre isso
         mas súbito é o sentimento, não bate a porta
         entra e faz de mim  um submisso]



                                                       Rudi Caldeira

Vaga Teoria


Cansei de ser o seu retorno
Não preciso mais sofrer para compor
Vou traçar o meu destino
Com o paralelo sombrio
Do vazio da multidão.

Não quero mais o brilho dos teus olhos
Não me atrai mais teu som que me distrai
Prefiro semear a lógica
No romper da solidão.

Minha vaga teoria de que a dor atrai o dia
Não nos pode arrancar
O valor da madrugada que irradia.


                                         Rudi Caldeira

Think about it


You don't believe
but I love you so
and I want you here
by my side.

All I need is You
and you know its true
Think about it.

Come here baby
you are in my mind                     
and I am shouting now
please don't let me down.

I did you cry I know
I was wrong with you
but the blood of my vais
flows to you.



                                           Rudi caldeira







Passa o Passo



   Era um pássaro
  Passam núvens
  Passa o passo
  Passo a passo
  Passo Eu...

  Era um sonho
  Olhos abertos
  Olhar certo
  Olho no olho
  Sonhei Eu...

  Era um corte
  Faltou sorte
  Falta a morte
  Faltar ía
  Faltou EU...


                          Rudi Caldeira

Salve sua Vida

Deixe me senti-la, Deixe-me senti-la
Dê-me sua energia, apenas sua energia
Quero te mostrar minhas leis
Te submeter ao prazer.

Sinta o amor
Vem e volta de suas entranhas
Bumerangue de sentimentos
Em erupções de sensações.

Deixe-me salvar tua vida,
Te mostrar a estupidez
O lado escuro e bom do que é certo.

Eu sou Estúpido !!!!
Eu sou estúpido !!!!

Vamos beber mais
Andar mais pela noite
Incendiar o pudor na madrugada
Vamos entorpecer

Deixe-me senti-la
Me dê sua energia
Submeta-se ao prazer
Demonstre sua estupidez
Salve sua vida !!!!!!


                                               Rudi Caldeira

domingo, 29 de agosto de 2010

Pato Donald de Borracha



       

   Faz algum tempo, na verdade já não lembro mais quanto tempo, sei sim, que o pato donald de borracha ainda me acompanha, vez em quando, em meus sonhos...     Éramos sete, na verdade ainda somos sete irmãos, sendo Eu o caçula, três irmãs e três irmãos, proteção total apesar das carências financeiras... Muitas vezes após servir a vianda de meu pai, minha mãe se dava conta de que não tínhamos nada para comer no dia seguinte, e então meu pai falava para ela dividir a comida de sua vianda entre nós. Homem honrado meu pai, Trabalhador, nos deu estudo, nos fez dignos de sermos seus filhos, o pato donald era seu fã.    Livramento (não sei porque este nome sempre me fez sentir como um pássaro solto, pairando entre as nuvens, esperando para pousar em um castelo com torres feitas de diamantes) este era o nome da rua em que morávamos, localizada no bairro Santana, uma rua arborizada, simples, mas uma bela rua para começar uma vida, nesta mesma rua se encontrava a minha primeira escola, a hoje já extinta escola Barão de Santo Ângelo, o pato donald de borracha adorava aquela escola, até hoje sei inteiro seu hino, havia uma parte que dizia assim: "...Teu ideal, nosso futuro. Tua luta nossa vitória. Fazei de mim, escola amiga, nossa glória..." Nos separamos na 5º série, ela era de primeiro grau incompleto, meu 'be a bá'.   Perto de minha rua havia um dilúvio, arroio dilúvio, pra nós era riacho mesmo, riacho ipiranga, nunca entendi o por que de dilúvio; Também, desembocava num rio que todos diziam que não era um rio... Atravessávamos incontáveis vezes por dia este riacho, era na outra margem o supermercado, o supermercado Zaffari, o mesmo supermercado em que todos os meus irmãos trabalharam, começaram a ajudar meu pai, nasceram profissionalmente, de alguma forma somos gratos a este supermercado que existe até hoje, o pato donald de borracha não o conheceu por dentro, não podia entrar, mas Eu o contava tudo em detalhes, afinal era meu confidente, e ele gostava até mesmo de seu símbolo, um esquilinho.  Nossa casa ficava quase esquina com a Vicente da Fontoura, era uma das seis casas gêmeas coladas uma a outra, casas antigas, velhas mesmo. Eram de material, com piso de madeira, madeiras tão velhas quanto a casa, que às vezes afundavam, teimando em esconder nossas pernas no porão, nunca sem antes causar no mínimo esfolações. Meu lugar preferido era a janela da sala, dava de frente para o lado da padaria, sobre o lado da padaria ficava a janela da sala do apartamento do dono da padaria, o lugar preferido de sua filha, o pato donald de borracha sabia, só ele sabia da forma que Eu suspirava a cada vez que ela aparecia, era uma menina simples, gostava dela, 'só amiga'... Nunca nos descriminaram, gostava muito deles. Éramos uma grande família no bairro, íamos nos jogos de futebol do time da zona, onde jogavam meus irmãos e seus amigos, aprendemos a ganhar e também a perder...Ríamos a cada vez que aparecia o homem de vermelho na rua, ficávamos curiosos pra saber em qual casa iria bater e executar seu papel, era uma visita humilhante a do homem de vermelho, todos sabiam que era o cobrador, às vezes ía lá em casa. Sobrevivemos a uma ditadura, brincamos de esconde-esconde, futebol de botão, jogo de bolita de gude, taco, sempre o Donald me acompanhava, meus amigos se acostumaram com ele. Coisas simples, fatos inesquecíveis.  O pato donald de borracha era meu único brinquedo de verdade, de alguma forma para mim, era como se realmente ele tivesse vida. Meus medos, meus sonhos, minhas frustrações, não sei explicar o por que, era com ele que Eu dividia, me sentia mais seguro com ele a meu lado.  Loucura?! Talvez, dizem que os loucos é que inventaram o amor...  O tempo foi passando, vieram os primeiros beijos, as primeiras namoradas, os primeiros raios da adolescência, os hormônios, não sei... Não sei como, nem quando aconteceu esse descuido, mas em alguma curva de minha vida meu pato donald se perdeu. Hoje após todos esses anos, volto a sonhar com ele, a desejar que ele estivesse aqui a meu lado, que conhecesse, e quem sabe, fosse esse amigo de meus filhos, ou simplesmente, parado sobre o computador, vivesse essa união que continua até hoje em nossa família, que visse que meu pai hoje com oitenta anos, é um grande vencedor... Que já não imagino mais torres de diamantes, que aprendi a valorizar cada momento vivido, que hoje sei que um amigo, mesmo sendo ele um pato donald de borracha, pode ser o reflexo da nossa personalidade, que devemos cuidar dele, mesmo, e principalmente, quando o vento soprar a nosso favor. 
                                                                                                      
                                                                                                                                                          ( Rudi Caldeira)  

Esquilinho Z

  
  Faz algum tempo, na verdade, não lembro mais a quanto tempo, sei sim, que um esquilinho ainda me acompanha em meus sonhos.  

 Existia uma vez por ano a chamada Arca, esperávamos ansiosos por esses dias, havia brincadeiras, eram momentos mágicos. Foi aí que ganhei meu esquilinho, foi meu primeiro brinquedo de verdade em meio a tamanha dificuldade. A Arca era realizada no estacionamento do supermercado Zaffari, mesmo supermercado em que todos os meus irmãos trabalharam, começaram a ajudar meu pai e nasceram profissionalmente. Coisas simples, fatos inesquecíveis.  

 Coloquei seu nome de esquilinho Z, de alguma forma para mim, era como se realmente ele tivesse vida. Meus medos, meus sonhos, minhas frustrações, eram com ele que Eu dividia. Loucura?! Talvez, dizem que os loucos é que inventaram o amor.
  
O tempo foi passando, vieram as primeiras namoradas, os primeiros raios da adolescência... Não sei como, nem quando, mas em alguma curva de minha vida meu Esquilinho Z se perdeu. Hoje após todos esses anos, volto a sonhar com ele e a desejar que ele estivesse aqui, que conhecesse meus filhos, que testemunhasse que somos vencedores... Que já não imagino mais torres de diamantes, que aprendi a valorizar cada momento vivido, que hoje sei que um amigo pode ser o reflexo da nossa personalidade, que devemos cuidar dele. Contei essa história a meus filhos, caminhando pelos mesmos corredores do Zaffari Ipiranga e pude ver em seus olhos o brilho de um futuro digno, espelhado nas dificuldades do passado.

 Esquilinho Z: Uma das Histórias escolhidas vencedoras da Promoção do Concurso Cultural de Literatura do Grupo Zaffari: Uma História bem Familiar..

segunda-feira, 9 de agosto de 2010


"Pior não é acharem que estão nos fazendo de tolos, Pior é terem a convicção de que acreditamos em suas mentiras..."