quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Minhas ânsias, teus anseios

Pense nas verdades engolidas no escuro
Onde suas pernas corromperam meu futuro
Sangre tantos sonhos que gerei e que perdi
Nos labirintos mais sombrios envoltos por ti.

Devolva cada sensação que te entreguei
Dissolva minhas ânsias em teus anseios
Calcule minhas perdas entre seus meios
E julgue como certos velhos erros que neguei.

Mesmo quem voar alto vai partir do chão
Do mesmo chão que nos sustenta
Mas que rompe e atormenta
Ao voltar em queda súbita e isenta de razão.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Tentando te Decifrar

Sim eu sei que poderia ter tentado mais
mas você nem lembrava a garota que eu conheci
acostumou a cair...

Nem seus olhos erguia
enquanto a luz do sol se escondia
em seu coração.

Não vou dizer que me libertei
tentando te decifrar,
tentando te iluminar
muitas vezes em tua sombra chorei.
Acostumei a cair...

Nem meus olhos erguia
Enquanto a luz do sol se escondia
Em meu coração.



domingo, 6 de outubro de 2013

Nossos Heróis


Teus dedos que me acariciaram
São agora agulhas envenenadas
Carrego comigo apenas nossas lembranças
Nas curvas solitárias dessa estrada.

Minha visão está embaçando
Pelo sangue que escorre em minhas mãos
A cada pulsação me distancio da vida
O vermelho vivo está morto pelo chão.

Por que nossos heróis não sofrem?
Por que não sermos nossos próprios heróis?
Dia a dia tudo se esvai....

Talvez eu tenha dificultado
Mas é tarde pra ‘talvez’
Fiz de tudo pra me destruir
até conseguir.


                                   (Rudi Caldeira)

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Escombros








Não estavam preparados pra perder
mas o concreto derretia em chamas
a juventude ainda arde com alarde
mas a vida programada foi castrada
e já não há mais nada por fazer.

Foram tantos sonhos misturados aos escombros
tantas promessas sem um tempo a cumprir 
interrompidos sem aviso, muitos futuros,
não tiveram chance de acontecer.

Múltiplas cores de ideias e valores
mas a ganância lhes pintou de cinza
a distância entre o certo e o errado
já não é só apontar um lado
e sim cobrar à dor, eternizar.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Secreta Liberdade

Ele estava encostado em um poste naquela noite fria, tendo como única companhia a fumaça de seu cigarro que se confundia com o vapor condensado de sua respiração. Seu chapéu lhe cobria o rosto conforme baixava a cabeça para olhar em seu relógio de pulso as horas que não lhe importavam. Ao fundo podia ouvir Billie Holiday cantar para a Lua Azul, dizendo que ela a havia visto sozinha, sem nenhum sonho em seu coração e sem nenhum amor; Sentia-se como ela naquele instante, um solitário amargurado. Porém, mesmo sem nenhum sonho, ele carregava consigo lembranças que pareciam ser de uma outra vida: Lembrava-se de que havia sido casado durante sete anos e que estivera apaixonado durante todo o tempo. Lembrava-se das juras que trocou, das promessas que ostentou e que não pode cumprir. Lembrava-se de que em um lugar tão familiar, sua casa, em um dia que se apresentava tão comum, em uma fracção de segundos, tudo fora modificado. Toda sua vida passava em sua mente naquele instante, ali encostado naquele poste; Lembrava-se dos quatro estampidos que provocou, dois para cada um, amante e esposa, lembrava-se então, dos oito anos que cumprira em uma instituição penitenciária, e dava-se conta, naquele momento, que sua Lua nunca mais tornara-se Dourada. Jack não sabia como recomeçar.
Saindo de seu transe, Jack percebeu que à sua direita, descendo a rua, aproximava-se uma mulher aos prantos, as mãos repousadas ao rosto, passos lentos. Pode notar que por trás de seu vestido justo até os quadris, moldava-se um belo corpo feminino, e que pelo jeito de andar e vestir, não se tratava de uma dama da noite em busca de sustento através do comércio de seu corpo. Já a alguns passos de distância, de onde sua voz se fez ouvida, perguntou a ela se precisava de algum tipo de ajuda. Retirando suas mãos da face e analisando a figura masculina que a interpelava, apresentou-se a Jack como Anne, dizendo que dificilmente ele poderia ajudá-la, mas que precisava naquele instante desabafar e ainda, debaixo daquele mesmo poste, começou a lhe contar sua história. Falou que era casada havia quinze anos, tinha dois filhos, um casal, uma menina de nove e um rapaz de quatorze anos. Que seu marido um homem bem sucedido, até dois anos atrás um ótimo pai e bom companheiro, havia-se transformado em um alcoolista, sem mais nenhum interesse pelo emprego e que chegava em casa bêbado e agressivo quase todas as noites, como a de hoje, em que a tinha agredido. Foi nesse momento que Jack pode perceber que a boca de Anne sangrava, como não carregava nenhum lenço, passou a  manga de seu casaco nos lindos lábios da mulher, que candidamente, se deixou ajudar. Convidou-a então a caminhar, e saíram lado a lado, conversando sobre suas vidas.
Conforme a noite avançava, mais fria ia ficando… Jack retirou então seu casaco, colocando-o sobre os ombros de Anne, e como se sentindo protegida ela se encolheu em uma aceitação agradecida, depois colocando seu braço ao redor de seu pescoço, Jack a puxou com delicadeza para junto de seu corpo e continuaram o caminho indefinido, já sem muitas palavras, mas com pequenos toques de carícias. Ele se sentia tão excitado quanto a muito tempo não se sentira, percebia que a cada passo essa sensação ia lhe aumentando, tomando conta de cada um de seus músculos, sentia calafrios ao sentir aquele corpo ao seu lado, e claro que Anne também se sentia um pouco assim, mas não transparecia, apenas se deixava levar. Chegaram então a uma rua pouco iluminada, foram diminuindo o passo até que Jack parou diante da porta de um edifício, um prédio antigo, mal conservado, porém com a imponência de que em algum momento na história havia sido um lugar bem frequentado. Ele morava ali, convidou-lhe a entrar, o que a deixou relutante em um primeiro momento, mas logo aceitou, o frio era intenso e desejava mesmo sair do raio de visão de alguém que a pudesse reconhecer.
Subiram as escadarias até o último andar onde ficava o apartamento de Jack que dava de frente pra rua, ela notou que havia poucos móveis, mas que estava muito limpo e com o pouco que tinha muito organizado. Ele retirou o casaco de seus ombros e sem mais nenhuma palavra a puxou para si, beijando-lhe os lábios com ternura. Ela não se sentiu perplexa ou assustada, pois já esperava por isso, e então se entregou aquele beijo, deixando-o se tornar a cada segundo mais intenso. Sentia as mãos daquele homem percorrer lentamente seu corpo, mas com uma força balanceada que a fazia desejar mais e mais… Começaram a despir-se um ao outro, agora em uma luta febril contra suas vestes, já não era mais qualquer sensação, agora era o tesão que lhes atormentava o espirito, e precisavam  imediatamente aniquilar com aquele inimigo invisível.
Correram nus em direção a cama, com Jack puxando Anne pela mão, então ele a empurrou com delicadeza, deitando-se sobre ela, começou a lhe beijar o pescoço; Lentamente foi descendo sua boca pelo corpo macio daquela bela mulher, parou em seus seios, deixando que sua língua explorasse lentamente seus mamilos eretos, lembrava-se por vezes de sua ex-esposa, e fazia comparativos inevitáveis em sua mente confusa. Ela sentindo aquela língua em seu corpo, gemia em explosões de sensações que há tanto tempo já não sentia, não era vingança o que procurava, era se sentir desejada, era perceber que ainda poderia seguir uma vida com prazeres, era notar que ainda haviam vulcões dentro de si, e sim, eles estavam agora em plena erupção. Quando a língua de Jack encostou lentamente e úmida em seu clitóris Anne contorceu-se na cama, soltou um grito de desejo que se traduzia em felicidade plena, então Jack com mais voracidade começou a lamber-lhe o local, com fricções mais rápidas entre beijos e leves chupadas em sua vulva.
Ela não acreditava que poderiam existir tantos adjetivos fantásticos para pensar naquele momento e tudo foi crescendo em si como se o próprio céu estivesse se abrindo. Sentia que algo, que também há muito tempo não sentia com um homem, estava se apresentando a ela, deixou então tomar conta de cada fio de seu corpo aquele orgasmo único, prolongado, mágico, secreto… Relaxou seu corpo por alguns segundos e notou que ainda estava viva, que era capaz de viver algo mais do que a sofrida vida que estivera vivendo, e como se em agradecimento sentou-se na cama e beijou Jack com carinho.
Retribuindo-lhe tudo o que ele a fizera sentir, transformou-se em uma puta logo após aquele momento, chupou aquele órgão masculino como se dele quisesse retirar a receita para a eternidade, e Jack que já não pensava mais no mundo exterior, também se deixou levar ao paraíso, aquele corpo feminino cavalgando sobre seu corpo, a visão daquele belo rosto em um meio sorriso, por vezes mordiscando os lábios, implorando por só ser desejada. Ele já não vivia mais do passado que o atormentava, naquele momento. Ela já não chorava mais… E quando Jack começou a gemer mais alto, Anne retirou seu pênis de dentro dela, o colocou novamente em sua boca, e o chupou, sugou como se quisesse que ele a transmitisse os segredos que ainda não conhecia nesse mundo… E então ele gozou!!!! Ah, Ele Gozou!!!!!Deixaram seus corpos nús lado a lado na cama por algum tempo, sem palavras, sem frio, sem sofrimentos…
Então vestiram-se. Jack acompanhou Anne até a porta de seu edifício, notou que começava a amanhecer naquele instante, pensou que deveria se mudar daquela cidade  e começar uma nova vida. Despediu-se de Anne com um beijo em sua testa. Entrou e começou a arrumar suas poucas coisas para um recomeço. Lembrou-se da lua azul, notando que já poderia sonhar, que haviam mais pessoas como ele, que não estava só. A lua recomeçara a dourar. Acendeu um cigarro e dirigiu-se a janela, ainda a tempo de ver aquela mulher que parecia cantar e dançar, conforme se distanciava na rua.
Anne sentia naquela aurora uma nova realidade, decidira que não mais aceitaria, sem lutar, os tormentos que a vida lhe apresentasse. Iria abandonar a submissão, mesmo ciente dos problemas que enfrentaria, iria andar os seus passos. Dirigia-se lentamente então pela rua, cantarolando, com um sorriso no rosto, absorvendo os primeiros raios de sol.